Afonso

Lilypie Third Birthday tickers

segunda-feira, 13 de março de 2017

Apertos no teu coração

Meu amor,

Como sabes muito bem, detestas adormecer. Ficas na cama a rebolar, agora também a tentar chatear a Mafalda que dorme no teu quarto... Enfim, tolices sem sentido. Anteontem, eram 23h apareceste na cozinha a chorar a dizer que tiveste um pesadelo. Vi, pela tua cara, que não tinhas sequer adormecido. Podia ter simplesmente gritado contigo e enervar-me por estares há tanto tempo na cama sem dormir. Mas fui deixar-te e falar contigo. O teu pesadelo era pensares que um dia os pais vão morrer e tu ficavas sozinho. Que murro no estômago... E agora, o que te digo?!? Lembro-me bem de ser pequena, mas maior do que tu, e de ficar angustiada a pensar no mesmo. Então disse-te, com um aperto no coração, para não pensares nisso, que ainda faltava muito para sermos velhinhos. Que eu quando era pequena também pensei o mesmo que tu e que não fez sentido porque cresci e fui mãe de três filhotes lindos e que os meus pais ainda não eram assim tão velhotes e não tinham morrido... Aparentemente mais calmo, perguntaste como se morre. Ui... Morre-se porque o coração pára. Pouco convencido, perguntaste se podíamos estar a comer e o coração parava então caímos com a cara na sopa. Sorri e disse que sim. E depois como te doía a barriga, dei-te comida e um abraço. Cinco minutos depois dormias, calmo. Quem ficou pensativa fui eu. Não posso prometer que não morro, não quero imaginar sequer a possibilidade de te perder. Posso apenas dizer-te que estarei sempre cá para ti, haja o que houver, e que os muitos dias que temos à nossa frente serão o melhor que conseguir, o melhor de mim para ti. Nem sempre é fácil, não há dúvida. Muitas vezes é preciso cair e levantar, aprender como não voltar a cair ou a saltar os obstáculos e como sacudir as mossas. Alguns não são do nosso controlo, como a morte, mas podemos tentar viver na maior plenitude e isso depende só de nós.  Já estou a tentar, por ti, por mim... Por nós.
Beijinhos, príncipe da mamã!