Amor,
Acabo de vir do teu quarto. São oito e tal da noite e já estás a dormir.
Tem sido uma semana muito intensa, cheia de novidades, amigos novos, professora nova. Dias cansativos, de brincadeira, correria, confusão e muita alegria.
Mas isto não tem sido nada, nada pacífico. Pelo contrário. Temos tido uns dias bens anormais, noites mal dormidas da maninha, amanheceres de madrugada, mochilas às costas às 7h da manhã quando a escola só começa às 9h. E depois, no final do dia, mesmo que sejas o ultimo a sair da escola, nada te convence que já são horas e que temos que regressar.
E depois o resultado está à vista: birras, sono, lágrimas e ranho. Tens conseguido levar os papás à beira (literalmente!) de um ataque de nervos. E hoje foi a minha vez. Ao sair da escola não querias vir. Aliás, ignoraste-me de tal maneira que nem quiseste saber que eu lá estava. Foi a Sónia que te "empurrou" até ao carro. E a birra continuou e o caldo entornou-se a sério quando chegámos a casa. A maninha só chorava, eu gritei, bati, ralhei. Tu choraste, gritaste, bateste. E depois de te acalmares e de um bom banho, lá te acalmaste. Só que tudo se repetiu ao jantar e a mamã deixou-te no quarto e ameaçou-te que só sairias no dia seguinte. Ainda barafustaste. Mas o cansaço falou mais alto e desligaste a luz, ligaste a tua estrela de presença e foste dormir.
E agora acabaste de acordar, sonâmbulo, a dizer que "gostavas muito da mamã". E eu também te adoro, amor. Dói-me a alma de ter que ser assim e de te ver neste estado. Mas espero que seja por uma boa causa, és um menino lindo!!
Beijinhos, filhote!
